PARA PENSAR NAS CONSEQÜÊNCIAS...

O texto foi escrito por uma amiga querida, linda jovem... a história dela é chocante, mais chocante ainda é descobrir que a doença mata metade das portadoras... e pasmem, "ELE" está no meio de nós... o índice de HPV só cresce...

Olá, meu nome é Celly*, hoje tenho 25 anos de idade. Mantenho relações sexuais desde os 16 anos e sempre procurei me proteger, usando camisinha e tomando anticoncepcional. Morria de medo de engravidar, pois estava estudando e meus pais me “matariam”.

Antes de iniciar minha vida sexual, fui levada ao ginecologista para que me orientasse e verificasse como estava minha saúde, a fim de que pudesse ter uma vida saudável e segura.

No início, segui todas as orientações e sempre que retornava ao médico, nada de ruim era constatado. As pílulas eram tomadas diariamente e em seus respectivos horários, e as camisinhas estavam sempre em minha bolsa, carteira, quarto, enfim, sempre precavida.

Todavia, com o passar dos anos e na confiança que nossos parceiros acabam nos repassando, passei a deixar de tomar certas cautelas, apesar de sempre ter noção do que poderia ocorrer, mas imaginando que “comigo nunca acontecerá”.

Como meu maior medo era engravidar, continuei tomando os anticoncepcionais. Mas, como meu parceiro estava ao meu lado havia mais de 2 anos e meio, e estávamos para noivar e casar, tinha certeza de tudo, de que ele me amava, de que não possuía nenhuma doença venérea, de que sempre havia se cuidado, enfim, de que com ele estaria segura e nada de maligno poderia me acontecer. Foi então que passei a deixar de lado o uso da camisinha – era melhor transar sem ela e nos dava muito mais prazer.

Nesse tempo, havia deixado de freqüentar o ginecologista, pois acabava esquecendo e acabei por não fazer mais minhas consultas ginecológicas – cerca de 1 ano e meio.

Em meados de 2007, aos 23 anos, passei a sentir algumas dores durante a relação sexual. No início cheguei a pensar que era porque não transávamos durante a semana e no final de semana fazíamos demais. Enfim, passei a justificar minhas dores sem procurar qualquer ajuda de um profissional da área.

As dores aumentaram e passaram a ser constantes, mesmo sem transar. Assim, procurei novamente meu ginecologista que realizou uma COLPOSCOPIA e nela constatou algo de errado em meu colo do útero.

Solicitou, então, inúmeros exames, dentre eles, o PAPANICOLAU.

Me negava desde a adolescência a fazer esse exame, pois achava que poderia doer e que, se ali mexessem, passaria a ter todo o tipo de problema. Como nunca tive nada, não me preocupei em fazer mais tarde. Grande engano e inocência a minha!!!

O resultado saiu em alguns dias e, para minha surpresa, apontou alterações celulares que sugeriam uma infecção viral. O médico, então, solicitou um exame de CAPTURA HÍBRIDA para melhor avaliar o diagnóstico de infecção viral – HPV.

Diversa não foi a constatação. A amostra da coleta da raspagem do colo do útero apontou uma H-Sil (Lesão escamosa intra-epitelial de alto grau).

Em síntese, aquela pessoa na qual eu confiava, amava, desejava e me dava “segurança” foi a responsável por me deixar uma lembrança amarga e eterna: um vírus HPV, sem cura e que vai destruindo aos poucos os sonhos de uma mulher em não sendo tratado quotidianamente.

O contágio pelo HPV fez com que surgisse uma ferida no colo do útero, a qual já se encontrava em alto grau. A cauterização não era indicada, pois já havia consumido certa parte de meu útero. A indicação foi uma CONIZAÇÃO – trata-se da retirada da ferida por meio de uma cirurgia hospitalar – dependendo, é feita no próprio consultório.

Me neguei extremamente a fazer a conização, pois o médico me alertou de algumas conseqüências que poderia ocorrer (casos raros, mas possíveis), dentre elas a de dificultar uma gestação futura, podendo sofrer abortos.

Dessa forma, procurei outro especialista, o qual informou que seria possível realizar a cauterização a gelo, pois a ferida poderia ser contida e evitar que se espalhasse. Seria menor o sofrimento, bem como a recuperação. E, assim, optei pela cauterização.

Retornei ao consultório uns 2 meses depois (final de 2007) e, por meio do exame de colposcopia, o médico havia constatado que a cauterização havia cicatrizado perfeitamente, não restando vestígios da ferida anterior.

As consultas seguintes não apontaram nada de anormal, o que para mim, havia sido uma vitória contra o HPV, ou melhor, o controle da doença, já que a mesma não tem cura.

Em março de 2009, em uma consulta de rotina, a médica solicitou alguns exames e uma nova colposcopia para poder verificar como estava o controle do HPV e se havia alguma outra lesão no colo do útero.

Para meu azar, os exames constataram haver DNA-HPV para os vírus do Grupo A (tipos 6, 11, 42, 43 e 44) e Grupo B (tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68). Total de vírus: RLU/PCA: 3,64 e RLU/PCB: 2537,94, que sugerem coleta nas lesões.

A colposcopia solicitada, constatou que havia lesão e que a mesma estava sob a cauterização, ou seja, a cauterização encobria a região da lesão, dificultando sua visualização. A lesão estava abrangida dentro do canal do colo do útero. Foi realização um exame histopatológico e o mesmo concluiu por uma neplasia intra-epitelial cervical Grau 3/ III (NIC 3/III) e alternativa não foi sugerida senão a conização – da qual não tenho coragem de fazer.

Apenas para fins de esclarecimento, a colposcopia é um exame que permite o aumento do colo do útero de 10 a 40 vezes do tamanho normal.

Antes eu tinha uma lesão de NIC II e a mesma aumentou passando para NIC III – quase câncer de colo do útero.

Se a lesão causar câncer no colo do útero, a única saída é a retirada do útero, acabando com planos de ter uma família, de um dia ser mãe biológica!

Meu drama permanece porquanto ainda não tenha decidido como proceder. Estou aguardando para realizar um novo exame de colposcopia e ver ser a lesão aumentou ou invadiu ainda mais o colo do útero.

Tenho esperanças de que a lesão tenha estancado e, com isso, realizarei a conização – meu maior pesadelo!!!

Meu medo é que um dia, após todo esse sofrimento e angústia, após a realização da conização, as lesões retornem e eu tenha de reviver essa aflição. Sei que terei de conviver com a doença até o final, eis que não tem cura.

Meu atual marido não contraiu a doença. Sabia que eu era portadora do HPV e mesmo assim decidiu por não tomar os cuidados para evitar a infecção. Ele não contraiu o HPV; faz exames rotineiros e, até o momento, não foi contagiado com a doença.

O HPV tem maior desenvolvimento nas mulheres. Para aquelas meninas, adolescentes e mulheres que não tenham sido infectadas pelo vírus, o aconselhável é tomar a vacina que previne o HPV. Mulheres como eu, já afetadas, ficam impossibilitadas de tomar, eis que o efeito seria mínimo ou nenhum.

Não tenham plena confiança em seus parceiros a ponto de colocar suas vidas em risco. Eu arrisquei e acabei contraindo uma doença que sequer imaginava existir. E não são somente esses caras novinhos, ficantes, namorados... podem ser aqueles com quem estamos há anos, aqueles que achamos que são somente nossos, aquele marido dedicado... Atentem-se mulheres, pois a cada dia há inúmeras de nós sendo vítimas dessa doença tão devastadora.

Usar camisinha ainda é a melhor forma de prevenir doenças sexualmente transmissíveis. Não há nada de breguice nisso. Isso se chama responsabilidade, amor à vida, segurança! Não brinquem com a vida. Hoje pode ter sido uma pequena infecção; amanhã poderá ser tarde para relembrar!!

* Nome modificado para evitar reconhecimento.

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