Kardashians - versão Ballet Etude Seasons

 Fazia frio no meu coração...

por mais que tudo estivesse no lugar certo, a sensação de desconexão entre o corpo e a alma, me fazia sangrar... todo o dia...

Almoçamos no Aspargus (309 norte) durante anos e aquelas lojinhas de ballet me davam tremor, porque eu não peso mais 40 kg... porque o ballet havia ficado para far away...

Enfim, não cabia na minha vida, na minha loucura cotidiana, até que um dia, a coluna (aquela puta) me deixou na mão, às vésperas de uma viagem tão sonhada... viajei doente, pensando que ia morrer e deixar marido, filhos e contas para pagar... A puta da coluna me levou para fisioterapia, minha Anja, que me perguntou o que eu gostava... eu disse que num far amay eu amava o ballet e detestava o mundo das marombadas...

Lá fui eu... busquei as lojinhas de ballet, procurei o escuro do quarto para experimentar o collat, tive caimbras na barriga, porque comprei a malha M e deveria ter sido a G... fui lá troquei e bati na porta do Etude, num novembro, dezembro de 2018... 

Lá fui recebida com um formulário onde se lia, que a Escola era para crianças, mais uma vez, juntei coragem e escrevi eu mesma sou responsável e por mim mesma... catei uma moça bem querida que me ajudou com a amarração da sapatilha e fui... para a aula mais difícil da minha vida. 

Outro parágrafo porque senão ... enfim, entrei na sala, me explicando como uma louca, tentando resgatar à si mesma... e tudo isso porque uma besta qualquer, me disse que ballet era coisa de gente exibida... meu caro... hoje eu te conto, vá cuidar de porcos... porque mulheres,  beleza e arte são para os Principes desse mundo, homens que eu convivo e que são capazes de encorajar mulheres todos os dias a superarem seus medos...

E assim, minha saga no ballet começou.

Fiz dois anos na turma da manhã, colegas queridas, incríveis, talentosas, corajosas... Maravilhosas!!

Fui aluna da talentosa Letícia, que sempre me acolheu com o máximo de amor possível... até que veio a pandemia e minha vida virou um carnaval... a regra básica da casa virou: seja o que Deus permitir.

Troquei de turma porque a internet não comportava as aulas dos meninos e as minhas de ballet pela manhã, lá fui eu pedir para ir para o turno da noite.

Já conhecia uma parte da turma, dançamos em 2019 juntas e a Giullia, professora, logo logo me ganhou com a preocupação com o meu bem estar.

Da pandemia para cá, aulas online, aulas presenciais, muitas mensagens, muita terapia, elas viraram um universo à parte de todo o resto que eu posso viver...tem sorriso, tem cara de pum, tem pum, tem procedimento estético, tem procedimento sério, tem bebida, tem comida, casamento, divórcio, tem declarações de amor... tem bunda bonita, tem perna bonita, tem cirurgia para retirada de útero. Tem segredos, tem sonhos, tem alegria e tudo, tudo, entre mulheres que vestem colant preto, se olham profundamente e são capazes de acolher os sentimentos e as fragilidades...

Nunca duvidei da capacidade feminina, nasci de um ventre, mas renasci de vários.

amo vocês.