A dor do sobrevivente

Escrevo para uma amiga.
Durante muito tempo eu detestei a minha mãe. Primeiro porque ela sempre queria aquilo que eu não queria... depois eu passei a concorrer com ela... e assim desperdicei anos das nossas vidas. Até que um dia eu engravidei. Telefonei correndo, morrendo de medo e disse que estava apavorada e tal... Naquele dia nós duas concluimos que tudo daria certo e acabei convencida que seria capaz de ser mãe... e daquele momento em diante, filha...
Foram cinco anos mais ou menos de momentos bons... nos nem tão bons, nós aprendemos a conviver e respeitar e desrespeitar, como mãe e filha.
O tempo passou. Até que uma noite interminável de hospital perguntei a ela se ela estava satisfeita comigo enquanto mãe... não lembro das palavras... mas lembro do sorriso...
Sinto muito a falta dela. Dói muito viver sem poder compartilhar as coisas da vida com ela. As conquistas do João Pedro são momentos lindos e que ela não está aqui, é uma merda... Viver sem o "minha filha, é a mãe" é realmente fodaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Enfim, eu não me conformo. Em alguns momentos eu surto... penso que a vida é desonesta porque um dia se tem tudo e no outro se perde tudo... penso por que ela? tanta gente má pelo mundo, gente indiferente à vida... gente que não tem motivo para viver... qual é em???
Quando vejo as pessoas renegando os pais ou fazendo coisas bestas... balanço a cabeça e penso que todo mundo é igual... alguns tem a chance de retomar... outros não...
Enfim, eu sobrevivo a dor de viver sem mãe.
Desculpem se o texto não é alegre, mas eu estava precisando escrever para uma amiga, dizer para ela que não há lei no mundo proibindo a gente de sofrer e viver, tudo ao mesmo tempo... isto não é característica da juventude, isto é característica da vida: ganhar e perder, o tempo todo.

Comentários

Renata Miranda disse…
Os blogs são feitos para isso... Para desabafarmos o que estamos sentindo e assim recebermos em troca o carinho de quem nos lê, confortando nossa alma.

Um beijo grande pra ti.
AM disse…
Lizi!

Que vontade de estar aí e te dar um abraço... E eu também preciso de um.

Um beijo com todo o meu carinho.
AM disse…
Eu também acho que nós "aprendemos" a ser filhas depois que nos tornarmos mães.

Mais beijo!

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